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Segue inquérito sobre possível esquema de abastecimentos fantasmas em Brasilândia
Veículos “parados” há mais de um ano estariam sendo utilizados documentalmente para desvio de combustíveis
O inquérito civil que investiga um possível esquema de abastecimentos fantasmas em Brasilândia do Sul vai completar um ano dia 5 de agosto. O procedimento 003.20.000123-2 foi instaurado pelo Ministério Público Estadual, por meio do Promotor de Justiça da Comarca de Alto Piquiri, Thiago Oliveira Ibler. A bronca envolve a Prefeitura de Brasilândia e os postos Delta, Kael e Tonhato. O MP apura um suposto gasto de combustíveis com o uso de dados e informações de carros pequenos e ônibus inoperantes, em especial os de placas AUL-9562, AOT-0827, AUD-3608 e COR-3824. Conforme as investigações, veículos “parados” há mais de um ano estariam sendo utilizados documentalmente para desvio de combustíveis.
Em setembro do ano passado o MP enviou ofício aos três postos, pedindo cópias de notas fiscais de abastecimentos dos veículos do Município relativas aos últimos dois anos. O Tonhato respondeu, mas os postos Delta e Kael não – houve retorno dos envelopes sem respostas (as empresas ficam às margens da rodovia PR-486).
No mês seguinte, o promotor Thiago Ibler ouviu Antônio Luiz Flausino dos Santos, com o objetivo de contribuir para averiguação dos fatos. De mais a mais, o Ministério Público apura a possibilidade do desvio de verba pública (artigos 9º e 10º da lei número 8.429/92). “Aliás, se confirmadas, é de bom alvitre registrar que as referidas condutas ainda representaram graves transgressões aos princípios da legalidade e da moralidade, sem contar, ademais, a violação aos deveres de honestidade, de imparcialidade e de lealdade às instituições que as condutas praticadas ocasionaram”, relata o promotor Thiago Ibler.
Em março deste ano, foram encaminhados ofícios (144 e 145) aos responsáveis legais dos postos Delta e Kael, respectivamente Augustinho Stang, de Nova Esperança do Sudoeste, e Luis Carlos Leite Matos, de Brasilândia.
MP nega “habilitação” de advogado do posto Delta
Na sequência, o posto Delta, por meio do procurador jurídico, pediu “habilitação” no inquérito, o que foi negado. Conforme deliberação do promotor Thiago Ibler, se trata de um procedimento pré-processual, onde não são apreciadas controvérsias ou aplicadas sanções, servido tão somente à colheita de elementos de informações. “Assim sendo, e considerando que o trâmite administrativo do procedimento em questão encontra-se disponível para consulta pública, junto ao site institucional do Ministério Público, indefiro o pedido de “habilitação” pleiteado pela empresa Stang e Stang (posto Delta)”, decide o representante do Ministério Público. Ao Delta foi deferida a dilação de prazo (30 dias) para envio das notas. A última deliberação do MP está datada de 22/4/2021. Atualmente o inquérito está em carga com o promotor.
O inquérito é público. Qualquer cidadão brasilandiense pode ter acesso. Basta clicar no www.mppr.mp.br, na aba serviços + consultas a inquéritos civis.
A pequena Brasilândia e um ex-prefeito autoritário
Brasilândia do Sul tem uma população estimada em 3,2 mil habitantes. É um pequeno Município entre as regiões Oeste e Noroeste. Faz divisa com Alto Piquiri e Assis Chateaubriand. Está distante 63 quilômetros de Umuarama e 608 de Curitiba.
De 2013 a 2020, Brasilândia foi administrada pelo prefeito Marcio Juliano Marcolino, político de comportamento autoritário e antidemocrático e que ano passado tentou implantar a censura na cidade, mas foi derrotado na Justiça. Marcolino tentou suspender a circulação deste jornal e foi barrado pelo Ministério Público e pelo Poder Judiciário: tirania não teve e não tem vez em Brasilândia. Relembre aqui matérias sobre o assunto:
Matéria publicada no jornal impresso Coluna D'Oeste, volume (edição) de sexta-feira, 30 de julho de 2021. Acesse também www.jornalcoluna.com.br.
Anderson Spagnollo
Da Redação
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