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Jornal Caderno Jurídico



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Delegado Fernando é réu em processo criminal por ter caguetado operação do Nurce

A Mandrake, do Gaeco, pegou o delegado Fernando no grampo, repassando informações sigilosas sobre operação em autopeças

30/9/2022 às 22h36
Dálie Felberg/ALEP Delegado Fernando é réu em processo criminal por ter caguetado operação do Nurce Delegado Fernando Martins é alvo do Gaeco por ter fuxicado operação do Nurce

Dia 31 de janeiro de 2012, às 17h32, é a data que o delegado da Polícia Civil do Paraná, Fernando Hernandes Martins, dificilmente esquecerá. Motivo: foi pego no grampo do Gaeco, conversando com um amigo investigador e vazando informações sigilosas sobre uma operação que o Nurce de Maringá iria fazer dois dias depois, visando apreender e combater crimes de falsificação em empresas de autopeças de Maringá e região. Na época dos fatos, o delegado Fernando chefiava o Nurce (Núcleo de Repressão aos Crimes Econômicos) e violou o sigilo funcional, revelando fatos de que tinha ciência. O delegado iria coordenar a operação. A denúncia do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) está datada de 25 de julho de 2012. Foi assinada pelo Promotor de Justiça Laércio Januário de Almeida. O processo (0003136-1 6.2012.8.16.0017) está tramitando há 3.885 dias na 3ª Vara Criminal de Maringá, sob o crivo da juíza doutora Sâmya Yabusame Terruel Zarpellon.

A operação que flagrou o delegado Fernando Martins conversando com um amigo investigador foi batizada de “Mandrake”. Consta na denúncia do Gaeco que o delegado está sendo processado por quebra de sigilo funcional e corrupção cedendo a pedido de influência – sanções do artigo 325, parágrafo 2º, do Código Penal. Outras 20 pessoas, entre investigadores (ocorreu prisão de alguns), bancários, empresários, comerciantes também são investigadas em outras vertentes da Mandrake.

Conforme a investigação do Gaeco, em 31/1/2012, o delegado Fernando Hernandes Martins, que coordenava o Nurce de Maringá, entrou em contato telefônico com o investigador de polícia denunciado, conhecido por “Tudão”, o qual não integrava a equipe do Nurce e não estava sob seu comando ou subordinação, portanto, não poderia tomar conhecimento dos fatos que estavam sendo investigados. “Todavia, nesta ligação telefônica, o referido delegado combinou com o investigador um encontro pessoal na residência deste, onde repassou-lhe informações confidenciais e sigilosas de investigação policial que estava presidindo e cuja operação policial de execução e cumprimento de mandados judiciais de busca e apreensão seria deflagrada dia 2 de fevereiro de 2012, tendo por objeto diligenciar e arrecadar produtos de falsificação em várias empresas do ramo de autopeças de Maringá. Inclusive, a operação teve o acompanhamento da ABCF, a Associação Brasileira de Combate à Falsificação”, narra um dos trechos da denúncia Gaeco.

 

O vazamento de informações

“De fato houve “vazamento de informação investigatória” pelo referido delegado de polícia ao investigador que não integrava o Nurce e não estava sob a subordinação imediata do delegado. Portanto, não poderia tomar conhecimento dos fatos, muito menos interceder em favorecimento de alguns empresários investigados, em detrimento da administração pública, inviabilizando a plenitude de sucesso na execução das ordens judiciais emanadas da autoridade judiciária competente oficialmente perante a 4ª Vara Criminal de Maringá. Por conseguinte, o doutor delegado de polícia Fernando Ernandes Martins violou sigilo funcional, revelando fato de que tinha ciência em razão do cargo e que deveria permanecer em segredo, facilitando-lhe a revelação por intermédio do referido policial”, descreve o Promotor do Gaeco Laércio Januário de Almeida.

“Tanto é verdade que na manhã seguinte, em 1/2/2012, estando inteiramente a par do “vazamento da investigação”, o denunciado falsário passou a realizar chamadas telefônicas para vários empresários considerados alvos da mencionada operação do Nurce, com o imoral e ilegal propósito de alertá-los”, descreve.

O processo é público e volumoso. Tem 2.885 eventos. Atualmente está em fase de instrução – depoimentos.

Hoje Fernando Hernandes Martins está licenciado do cargo de delegado de polícia, porque é deputado estadual e candidato à reeleição.


Anderson Spagnollo
Da Redação
contato@cadernojuridico.com.br

 

Matéria publicada no jornal impresso Coluna D'Oeste, de quinta-feira, 29 de setembro de 2022, páginas 4 e 5. Acesse também www.jornalcoluna.com.br e folheie o berliner pelo celular acompanhado de um café ou um chimarrão.

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