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TJ faz palhaçada e Carli Filho não vai para a prisão
Impunidade! Segundo o Tribunal de Justiça do Paraná, compensa matar duas pessoas no trânsito

Na tarde de 13 de dezembro, quinta-feira, a 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná confirmou que encher a cara, pegar um carro, “pilotar” a 190 quilômetros por hora e matar pessoas, não é tão grave e o criminoso não precisa ir para a cadeia – cumprir pena em regime fechado. Os desembargadores – tratados a pão de ló e donos de salários polpudos e auxílios generosos – fecharam o ano fazendo uma das maiores palhaçadas jurídicas de 2018. Não adianta afirmar que é decisão técnica. É palhaçada sim! Senhores desembargadores: se o irresponsável motorista bêbado Carli Filho, ex-deputado estadual (indivíduo esclarecido), tivesse matado o filho de vocês, como seria?
Desembargadores acham que motorista bêbado que mata não precisa ficar atrás das grades. Pode até matar dois.
O ex-deputado motorista bêbado e assassino Carli Filho, condenado a 9 anos e 4 meses de prisão pelas mortes de Carlos Murilo de Almeida e Gilmar Rafael Yared (Carli Filho provocou violenta colisão de trânsito em 2009), teve sua pena reduzida para 7 anos, 4 meses e 20 dias. Na quinta-feira ocorreu o julgamento da apelação do júri popular, realizado em fevereiro e que condenou Carli Filho por duplo homicídio com dolo eventual – quando se assume o risco de matar. Resumindo: o ex-deputado motorista bêbado não irá para a cadeia. O ex-deputado motorista bêbado escapou do presídio. Resumindo: os desembargadores acham que motorista bêbado que mata não precisa ficar atrás das grades. Pode até matar dois. Carli Filho, o homicida no trânsito, não deve ficar nenhum dia sequer na prisão. Irá passar o Natal com a família, ao redor de uma bela mesa com farta ceia, panetone trufado, pão de ló, presentes e Papai Noel.
Decerto que cabe recurso ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), mas, senhores desembargadores: e as mães de Carlos Murilo e Rafael Yared passarão o Natal com quem? Com a tal da impunidade?
Os votos dos senhores desembargadores
Não interessa se os ilustres desembargadores não avaliaram se o ex-deputado motorista bêbado é culpado ou não. O júri decidiu. Ele é. E o júri é soberano – pelo menos é o que diz a lei.
Senhores desembargadores: se o irresponsável motorista bêbado Carli Filho, ex-deputado estadual, tivesse matado o filho de vocês, como seria?
No julgamento da apelação do júri, o relator do caso, desembargador juiz substituto Naor Ribeiro de Macedo, decidiu manter a mesma pena (9,4 anos) ao réu. No entendimento do relator, o ex-deputado motorista bêbado deveria ir para um presídio “puxar sua cana” (cumprir sua pena). Só que Naor foi voto vencido, porque os desembargadores Clayton Camargo e Miguel Kfouri Neto aceitaram as afirmações da defesa do ex-deputado motorista bêbado que, por 2 x 1, teve pena reduzida e escapou de, neste Natal e Ano Novo, “passar a caneca na grade” e chamar o carcereiro.
Impunidade sim!
Presente na sessão de julgamento, a mãe de Gilmar Rafael Yared, deputada federal reeleita Chistiane Yared, chorou por várias vezes. Ao final afirmou à imprensa que “nós recebemos a notícia com a certeza de que a gente vive em país que todos nós conhecemos, da impunidade, da liberdade de sair e matar alguém e responder depois de uma maneira que seja agradável”.
Em tom de total desabafo e revolta, a mãe, com os olhos vermelhos de tanto chorar, acrescentou que a impressão é a de que tudo se tornou “um grande circo”. E a mãe batalhadora foi além nas críticas: “Me disseram que a decisão do júri é soberana. Não é, não é mesmo! Dá uma tornozeleira para ele, tadinho! Os que morreram, morreram. A Justiça é para os vivos afinal de contas.”
Anderson Spagnollo
Da Redação
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