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Jornal Caderno Jurídico

Direito Civil e Processual Civil

Um juiz federal, professor, autor e... gamer!

19/7/2017 às 3h18 | Atualizado em 19/7/2017 às 3h19 - Rodolfo Hartmann
Rodolfo Hartmann

Em 1976 nasci. Meu primeiro videogame foi o Odyssey. Mais tarde, por volta dos 9 anos, ganhei meu Expert, que era um computador com o sistema MSX-1. Como não conseguia carregar jogos em fitas K7, acabei ganhando de presente um drive de 5 ¼ polegadas cedo demais. Mais tarde, vieram a megaram e o kit de transformação para MSX-2. Uma das lembranças mais recorrentes da infância era ter que comprar jogos por telefone e aguardar dias para a chegada do tão ansioso envelope recheado de joguinhos. Eram tempos em que a Konami reinava no coração dos pequenos.

Aí chegou ao Brasil a primeira geração de videogames. Lá em casa, eu e meus irmãos ganhamos primeiramente o Master System. Um pouco depois, veio o Mega Drive, Com Altered Beast, Golden Axe e Truxton na mesma oportunidade. Os tempos agora eram da Sega, pelo menos no Brasil. Mas eu tinha grande curiosidade sobre o fascínio da Nintendo mundo agora. Assim que o Phantom System (genérico do NES) foi trazido ao Brasil, mais uma vez ele aportou em minha casa, com Mario Bros, Commando e Ghost´n Goblins. E, algum tempo depois, já maravilhado com a magia da Nintendo, foi a vez do SNES vir com sua safra de novos jogos, entre eles vários que me marcaram, como Zelda, a Link do The Past e Donkey Kong Country.

Apesar da força dos videogames naquele momento, os computadores passaram a ser equipados com drivers de CD-ROM, abrindo um mar de novas possibilidades. Sim, os computadores voltaram com força total em jogos como Cyberia, Phantasmagoria, Full Throttle, entre muitos outros.

Entre 1994 a 1998 cursei a faculdade de Direito em minha cidade natal. Comecei a frequentá-la com 18 anos e a terminei aos 22. O tempo começou a ficar mais escasso e assim segue até hoje. Os jogos foram pouco a pouco sendo deixados de lado, embora não esquecidos. É que havia um novo tipo de missão em curso...

Em 1999, me casei com a Geisa. Mudamos para o Rio de Janeiro e comecei a intensificar meus estudos para o concurso. Mas, não resisti muito tempo. Comprei o Nintendo 64 e somente um jogo: Zelda, Ocarina of Time! E eu ia bem nele até empacar no Forest Temple. Mas aí comecei a ter um dispêndio de tempo grande nele em sacrifício aos estudos. Então, deixei de jogar por ora essa maravilha. Friso: “por ora”...

Em 2002, fui aprovado em concurso público para Juiz Federal e tomei posse. Com pouca diferença de meses, comecei a lecionar e fui aprovado no Mestrado. Dois anos depois, adquiri um apartamento em meu próprio nome e da minha esposa. A vida seguia, então, um ciclo virtuoso.

Em 2005, nasceu meu primeiro filho: Matheus. E foi a deixa para os jogos retornarem. Aos 5 anos, ele ganhou um PlayStation 2 e começou a jogar Ben 10 Vilgax Attacks. Era mágico ver ele com tão pouca idade já conseguindo empunhar o joystick e se maravilhar com os games. Em natais ou aniversários posteriores vieram, não necessariamente nesta ordem, o Nintendo DS, 3DS e Wii. Até enviei uma foto dele com um texto que foi publicado na Revista Nintendo Club. E, então, recomeçamos a jogar em emulador Ocarina of Time desde o início. E dividíamos as tarefas: eu era o “cara das habilidades” e ele o “cara dos mapas”. E, finalmente após cerca de dez anos de hiato, Gannondorf foi vencido e a paz voltou ao Reino de Hyrule. Eu disse que tinha deixado de jogar esta obra prima apenas “por ora”!

Em 2012, nasceu o meu segundo filho: Lucas. Ainda pequeno, ele ganhou de presente um PlayStation 4. E podem ter certeza que, aos 4 anos, ele já joga muito bem games de temática mais infantil, como Knack ou mesmo outros como Shovel Knight ou Double Dragon (sim, o antigo dos arcades). Da minha parte, também não tenho deixado de me “exercitar”: Metal Gear Solid V – Ground Zeroes e The Phanton Pain já foram devidamente zerados (e cito as frases de um dos trailers deles na nota do autor a partir da 3ª Edição do meu livro mais vendido - obrigado Konami e Hideo Kojima!). Agora, aguardo pacientemente a oportunidade de novos games para jogar no novíssimo Nintendo Switch.

Em 2016, fiz 40 anos, ainda me sentindo um menino em mente e agora na companhia de dois outros. Já escrevi livros, já plantei árvore, já tive filhos... só faltava fazer um game. E eu estava esperando a minha vida inteira para isso. De um lado, a experiência como usuário e jogador ao longo destas décadas vivenciando cada mudança nesta indústria. De outro, agora tinha também a vivência como educador para fazer conteúdo de qualidade que estimulasse ou engajasse pessoas para o estudo. E, felizmente, ainda tinha algumas economias que poderiam ser usadas para este investimento.

Eu realmente tinha que fazer um game e tinha que fazer de um jeito que servisse para educar. Até parecia, em certo ponto, uma união profana, pois há um preconceito enorme com games focados em educar. Mas grandes empreendedores neste mercado se ressentiam justamente por não terem conseguido criar algo para a educação, de não terem conseguido o ponto de equilíbrio. E a causa me parecia simples: eles sabiam empreender, mas não eram educadores e nem sabiam como carrear os docentes certos e com respeitabilidade para esta empreitada, sem o risco de macularem seu currículo acadêmico. Simplesmente, eram dois mundos com personagens diferentes separados por uma sólida barreira invisível.

Para dar certo, o professor tinha que estar dentro do game, com a sua imagem gamificada e seu conteúdo. Por outro lado, a programação, o design, a música e a direção deveriam ser realizadas por profissionais das suas respectivas áreas. Somente poderia dar certo se o trabalho fosse feito por artistas. Apenas assim seria possível, enfim, romper essa barreira para ter o desejado “acesso”.

O aplicativo “Questão de Ordem” foi concebido em pouco mais de um ano justamente com essa finalidade. Em um mercado que engatinha no Brasil, foram investidos tempo, dinheiro e, principalmente, amor para a criação de algo diferente. Um quiz show jurídico, comandado por professores renomados, com música agradável, diversão e adoção de critérios próprios da gamificação para estimular a satisfação do usuário.

Cada detalhe foi pensado por mim e pela equipe que me ajudou neste processo para que pudéssemos trazer ao usuário uma experiência diferenciada. A curva de aprendizado foi imensa em diversas áreas. Estamos todos satisfeitos com o produto final e sabemos que se trata de algo realmente diferenciado no mercado. Feito por apaixonados por games.

Você está dentro. Experimente.

Estude diferente, divertido. Além da sala de aula.

 

Rodolfo Kronemberg Hartmann. Juiz Federal. Mestre. Autor com mais de 15.000 livros vendidos no Brasil. Professor em Escolas de Magistratura, Pós-Graduações, Faculdades, além de ministrar palestras há 15 anos em todo o Brasil. Capacitado pelo Curso de Formação de Formadores, promovido pela ENFAM em 2015.

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