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Jornal Caderno Jurídico

Política

O culto “secreto” à ditadura da conveniência

26/3/2020 às 19h03 | Atualizado em 26/3/2020 às 19h15 - Andre Melo
Divulgação Andre Melo “Amigo, respira um pouco e pense nas seguintes palavras: economia é tida como um organismo integrado, caso você afete um ponto, você também afetará todo o resto”, explica Andre Melo

Alemanha, Cingapura, Coréia do Sul, Países Baixos, Tawain, Japão, etc., são exemplos de como uma sociedade aberta pode enfrentar uma crise sem gerar outras piores. Contudo, algumas mentes brasileiras desprezam o racionalismo pelo amor do conhecimento advindo puramente dos sentidos, ou entendem que a cooperação é sempre inferior ao autoritarismo e a coerção. Alguns dirão que essa mentalidade é fruto do complexo de vira-lata (inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo) ou da crença na eficiência do planejamento central (uma autoridade ou um conjunto de especialistas capazes de resolver todas as situações independentemente do problema da incapacidade do conhecimento), mas eu só sei que muitos são desejosos pelas piores soluções e as que representam a maior concentração de poderes nas mãos de poucos. Um amado amigo me ensinou que no nosso país muita gente se acha uma mistura de antropólogo, sociólogo e psicólogo a ponto de ter certezas baseadas em um senso comum do conhecimento vindo do mundo do nada. Por tal razão, ele diz que o brasileiro é enxergado como um estranho dentro do Planeta, ou seja, somos diferentes de todo resto a ponto de podermos ser qualificados como ETs – segundo os adeptos, o pior dos ETs. A consequência disso é pensar que o que dá certo em todos os lugares jamais dará certo aqui, por causa do povo ou o que dá errado em todos os lugares dará certo aqui, porque o povo merece o que é ruim. Se essa lógica funcionasse, parece-me que países como Austrália, Cingapura, Estônia, Hong Kong, Nova Zelândia e Suíça teriam nascido prontos.

Neste momento de pandemia, muitos prefeitos têm tomado medidas autoritárias disfarçadas de solidariedade. Apesar de não saberem o que fazer, é evidente que muitos agem no medo de serem acusados de omissão ou na remota possibilidade de serem responsabilizados pela abertura das portas da Cidade para a “nova” Peste Negra. Entretanto, tais medidas não deixam de ser autoritárias e capazes de gerar um colapso muito pior do que o vírus da China. Enfim, no fundo dá a entender que muita gente crê na viabilidade de uma ditadura desde que movida apenas para a solução de problemas reais.

Parece-me que o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan, não sabia disso quando resolveu proibir o funcionamento do comércio e da indústria. Prefeito, com isso você impede a satisfação das necessidades dos indivíduos e contribui sensivelmente com o aumento dos preços por causa da escassez. Além dessa ignorância, tenha a consciência que você impõe um flagelo ainda maior nesses tempos de visões turvas, ainda mais se você fizer essas restrições por 4 meses como deu a entender.

Hoje se gesta uma crise econômica real que nos levará à absoluta miséria. O agravante é que se exige um sacrifício hercúleo da parte dos cidadãos, enquanto políticos continuarão com a sua enormidade de privilégios. Com o desenho de nossa miséria, alguns ganham dinheiro e poder na preparação do que irá acontecer. Todos devem ficar em casa sem ganhar o dinheiro e movimentar a economia, porém, para os que vivem do parasitismo a vida continua e continuará normal. Aliás, eu não duvido da possibilidade do adiamento das eleições.

Muitos ainda nutrem um preconceito acerca das atividades econômicas – até acho justificável quando se vê os bilionários em conluio com governos e políticos para a criação de reservas de mercado via estabelecimento de monopólios e oligopólios –, mas a maioria dos empresários e empreendedores não estão nesse topo da cadeia alimentar. Essas pessoas, com o auxílio dos trabalhadores, atuam com o objetivo de atender as necessidades dos cidadãos. Parece-me que o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan, não sabia disso quando resolveu proibir o funcionamento do comércio e da indústria. Prefeito, com isso você impede a satisfação das necessidades dos indivíduos e contribui sensivelmente com o aumento dos preços por causa da escassez. Além dessa ignorância, tenha a consciência que você impõe um flagelo ainda maior nesses tempos de visões turvas, ainda mais se você fizer essas restrições por 4 meses como deu a entender. Senhor Prefeito, ao desprezar a propriedade privada, você impede que as pessoas tenham a liberdade de explorarem o que lhes pertence e, consequentemente, cria um obstáculo para produzirem coisas para a própria vida e para a vida das outras pessoas.

Vejo com preocupação muita gente que acha que destruir a economia é a solução para conter o vírus de baixíssima letalidade. Será que ainda não notaram que parte considerável e robusta dos afetados são idosos e vulneráveis? Ou será que ainda não perceberam que as pessoas precisam do trabalho para se manterem ou manter os próprios políticos?

E alguém ainda vai me dizer que sou frio por pensar em economia quando há um vírus de reduzida letalidade a ser combatido. Amigo, respira um pouco e pense nas seguintes palavras: economia é tida como um organismo integrado, caso você afete um ponto, você também afetará todo o resto.

 

Leitura Complementar

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https://www.nytimes.com/…/coronavirus-pandemic-social-dista…

https://www.statnews.com/…/a-fiasco-in-the-making-as-the-c…/

https://www.bloomberg.com/…/99-of-those-who-died-from-virus…

https://www.aier.org/…/south-korea-preseved-open-infection…/

 

André Melo é analista político e especialista em Direito com formação Humanística pelo Programa de Pós-graduação Latu Sensu da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ). Escreva para a.bourguedesdmelo@gmail.com.

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