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Jornal Caderno Jurídico

Direito Público

A síndrome de Burnout afeta a qualidade de vida dos profissionais

9/4/2019 às 18h33 | Atualizado em 9/4/2019 às 18h38 - Helton Kramer
Divulgação Helton Kramer “A vilã não é a tecnologia. O problema pode ser identificado na própria organização de trabalho, uma vez que a desmotivação pode se originar da gestão do pessoal”, explica o professor Lustoza

Em algum momento da vida profissional as pessoas podem parar por um minuto e imaginar se existe uma motivação em seu trabalho. Você mesmo leitor, já se perguntou se está motivado no exercício de suas atividades profissionais?

Na obra “O inimigo do engajamento profissional”, Mark Royal e Tom Agnew – consultores do Hay Group – buscaram descobrir o que motivaria os trabalhadores acordarem todos os dias, irem ao trabalho e não enxergarem nenhum motivo animador para estar ali. Informações coletadas pelos consultores demonstraram que vários empregados de alto potencial se tornaram frustrados, ou seja, funcionários dedicados, mas que enfrentaram burocracia e ausência de valorização, com o tempo, sentiram-se desengajados ou desligaram-se da empresa, indo em busca de um lugar melhor.

Na década de 70 surgiram alguns estudos a respeito da chamada síndrome de Burnout, que consiste em um distúrbio psíquico do comportamento relacionado ao trabalho, cuja causa está intimamente ligada à vida profissional. Para o psiquiatra Luiz Roberto Millan, a identificação desta síndrome pode ocorrer “...na dimensão exaustão emocional o indivíduo sente-se esgotado e com a sensação de que não será possível recuperar sua energia, torna-se irritável e amargo, pouco generoso, sente-se menos capacitado a cuidar dos outros e torna-se pessimista; na dimensão comprometimento da realização pessoal o indivíduo sente-se impotente, frustrado, infeliz e com baixa auto-estima”.

O estresse no trabalho é um problema crescente nas empresas e administração pública. Situações como a falta de estabilidade, sensação de ineficiência profissional, ausência de visão sobre a relevância social do seu trabalho e percepção de falta de reconhecimento de esforços, causam uma espécie de acomodação e decepção profissional. Para se ter uma ideia, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), “mais de 300 milhões de pessoas vivem com depressão, um aumento de mais de 18% entre 2005 e 2015”. Esse é um dado preocupante não somente para os trabalhadores, mas também para as empresas e administração pública que estão observando um aumento significativo de licenças médicas e, inversamente uma diminuição da eficiência e produtividade individual no ambiente funcional.

É raro existir um programa eficiente em que permita que a empresa detecte que o seu funcionário esteja desmotivado, permitindo que ele possa desenvolver seu potencial em outros setores ou mediante cursos de qualificação.

No contexto atual, podemos presenciar pessoas que trabalham exaustivamente e, que para se ajustar as necessidades e expectativas do empregador, não se atentam para as consequências sociais e psicológicas que poderão ocasionar ao seu corpo e sua vida social. Este panorama é agravado pelo desenvolvimento tecnológico, o qual tem criado um ambiente mais dinâmico, onde cada vez mais o profissional deve estar atualizado para não ser considerado ineficiente ou ultrapassado.

Vamos refletir: a situação é paradoxal, sendo que a tecnologia deveria facilitar o trabalho humano, exigindo menos esforços, mas ao invés disso, aumentou o desgaste e angústia no exercício profissional, criando um ambiente de constante atualização e de forma imediatista.

Ocorre que a verdadeira vilã não é a tecnologia, sendo que em muitas situações o problema pode ser identificado na própria organização de trabalho, uma vez que a desmotivação pode se originar da gestão do pessoal. É raro existir um programa eficiente em que permita que a empresa detecte que o seu funcionário esteja desmotivado, permitindo que ele possa desenvolver seu potencial em outros setores ou mediante cursos de qualificação.

Por isso, que um tema que deve ser observado por empresas, administração pública e funcionários será a busca da qualidade de vida no trabalho. De um lado, ao buscar sua inserção no mercado, deve o profissional observar não exclusivamente o ganho financeiro, mas também deve se preocupar com o bem-estar, saúde e satisfação no desempenho da atividade almejada, isto é, buscar uma atividade que realmente irá lhe proporcionar o prazer de levantar toda manhã. E de outro lado, os empregadores devem procurar implantar ações que envolvam o monitoramento e melhorias gerenciais no reconhecimento profissional, não somente baseado em metas financeiras, mas também na qualidade de vida familiar e social.

Estamos convencidos que o progresso profissional contemporâneo está intimamente ligado à qualidade de vida proporcionada por um determinado trabalho, o que torna possível haver maior produtividade e eficiência num ambiente em que o funcionário esteja exercendo suas atividades num contexto que atenda sua qualidade de vida e que gere um reconhecimento aos méritos aplicados.

 

Helton Kramer Lustoza é Procurador do Estado do Paraná, professor e coordenador do curso de pós-graduação em Direito Administrativo e Municipal da Unipar, câmpus Umuarama/PR, autor do livro “Eficiência Administrativa e Ativismo Judicial” (editora Ithála), especialista em Direito Tributário, professor da Universidade Positivo e professor convidado do COTEF-RJ, ESAF e ESA-OAB.

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