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Jornal Caderno Jurídico

Concursos

Passou ou não passou?

16/2/2017 às 23h47 | Atualizado em 20/2/2017 às 10h58 - William Douglas
William Douglas

Esta era a pergunta que eu mais fugia antes de tomar posse no primeiro cargo. Eu me desviava das pessoas na rua, até em prédio eu já entrei só para não ter que responder o doloroso “ainda não”. Pior ainda era responder para as pessoas das quais não dá para fugir: pai, mãe, tia…  Como explicar a reprovação para quem bancava meu curso e meus livros? Até me olhar no espelho era complicado, pois parecia que alguém dentro de mim ficava ralhando comigo. Frustração, vergonha, até uma quase depressão. Doía também imaginar ter que recomeçar tudo de novo, nas mesmas salas… Quando era por poucos pontos, o certo seria ficar feliz pelo progresso, mas o “quase” me matava. Ficava feliz por quem passava, mas também sofrendo por me sentir ficando para trás enquanto o mundo andava. Bem, era assim comigo. E com você?

Eu sei como está sendo o seu hoje, porque ele é igual ao meu ontem. E, por isso mesmo, eu quase sei qual é seu amanhã, pois ele é meu hoje. Primeiro, vou contar seu amanhã, e depois porque ele é “quase”.

Meu hoje começa com orgulho de você e por você. Eu criei a matéria “como passar em provas e concursos” e por isso me sinto habilitado a dizer que entendo mais disso do que seus pais, vizinhos, até mesmo mais que você, ao menos por enquanto. Não escute nem se apequene por ninguém que olhe feio para você, ok? Não pratique auto-bullying também, valeu? Eu, que entendo de concursos, estou muito orgulhoso de você. Seus professores no curso, presencial ou on line, e eles também são especialistas, são feras no assunto, também estão muito orgulhosos de você, pode perguntar a eles.

Você foi lá e fez a “danada” da prova. Simples assim. Venceu o medo, fez sua parte, tentou. Algo deu errado? Claro, porque afinal de contas você não passou. Mas por favor, veja também quantas coisas deram certo, quantas estão dando certo. Você tem tudo o que precisa para ir lá de novo e na próxima vez passar.

Seu hoje está difícil, mas vamos falar do seu amanhã (o meu hoje, o hoje dos seus professores do curso).

Hoje ninguém me julga por aquele monte de reprovações, e eu tive um monte delas. Hoje só olham as “pipocas” que explodiram. As pipocas que não explodiram ficaram no fundo da panela do tempo e da vida. Hoje eu e seus professores, todos estamos “passados”, aprovados, empossados, e você estará assim daqui a um tempo. Estou quase certo disso.

Vamos ao “quase”. Quem fizer o que tem que ser feito estará comemorando sua aprovação daqui a algum tempo. A diferença entre o sonho e a realidade é só a quantidade de tempo e de trabalho necessários. Trabalhar é estudar, treinar, rever, aperfeiçoar a si mesmo. Só quem não vai passar será aquele que entrar em um processo infinito de autocomiseração e desânimo. Não faça isso. Faça o contrário: lembre que você já é um vencedor, apenas ainda não colheu tudo que um vencedor colhe, porque boas colheitas levam tempo para acontecer. Se outro colheu rápido, sorte dele, que bom! Cada um tem seu tempo de germinar e nascer. Vá viver sua vida e sua história, pare de ficar pensando nos outros. Cuide de você. Você é sua melhor carta para jogar o jogo da vida … e temos que jogar com as cartas que temos na mão.

Seu amanhã vai apagar o dia ruim que você está passando hoje. O seu amanhã será ótimo se você fugir do “quase”.

Há uma tentação de desistir, de chutar tudo para o alto, de se concluir incapaz. Esqueça isso. Lamente, chore, mas só para desopilar o fígado. Descanse dois a três dias e volte para os livros. Refaça a prova, veja onde errou, onde precisa treinar mais. Lembre que você já caminhou parte da estrada, que levou um tombo, mas que eles ensinam a caminhar melhor. Lembre que você pode. Reprovação é uma vírgula, não uma sentença final. Concurso se faz não para passar, mas até passar. Simples assim.

Hoje você só está diante de uma pipoca que não explodiu: não a mastigue. Elas são duras. Invista toda sua alma e até sua frustração em procurar a pipoca boa. Elas são macias, saborosas. Chore, sofra, tire uns dois a três dias para curtir a ressaca, e volte para a mesa de estudos, para o livro, para o curso, para sua história de vencedor, porque você é um.

Celebre seus amigos que passaram. Você viverá isso daqui a um tempo. Celebre a si mesmo. Junte-se a mim e aos seus professores nesse extremo orgulho de você estar vivendo sua história e seguindo sua estrada. Estrada com pedras sim, mas com final feliz.

Eu e seus professores, nós temos muito orgulho de você. Celebramos sua coragem e seus progressos. E se você seguir em frente, e fizer o que tem que ser feito, celebraremos juntos não só a dor de hoje, mas também as vitórias imensas que o amanhã vai trazer.

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