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Jornal Caderno Jurídico

Trânsito

Leis de trânsito não são meras letras de um caderno qualquer

8/3/2019 às 19h56 | Atualizado em 8/3/2019 às 20h00 - Renato Sales
Arquivo Pessoal Renato Sales "O Estado e as normas não existem por acaso. Respeitem as leis de trânsito", enfatiza Renato Sales

Segunda-feira, 4 de março de 2019, escalado para trabalhar até às 3 horas no carnaval no lago Aratimbó. Ao dar início à escala, auxiliei na remoção de uma senhora, vítima de acidente fatal na avenida Tiradentes, em Umuarama, da viatura dos Bombeiros para a do IML.

Após verificar alguns dados, vi que seu esposo, de 78 anos, condutor da motocicleta que fora colhida pelo carro, também estava hospitalizado e o estado não era dos melhores, contudo, sem o risco de morrer.

Quando cheguei ao local, a senhora já estava em óbito e dentro da viatura dos Bombeiros. Mesmo assim, pude perceber inúmeros curiosos, buscando “um pedaço da carniça chamada notícia”. Qualquer foto que pudesse demonstrar terem visto algo e divulgar, afinal, de que serve uma imagem sem que haja olhos para vê-la?

Eu, que ajudei a tirar a senhora da maca para aquela espécie de caixão de lata (IML), não tirei fotos. Só queria esquecer. Não pelo sangue ou fraturas, mas porque aquilo poderia ter sido evitado. É triste ver uma pessoa morta. Abala. Não importa se era uma má pessoa, um marginal ou o que seja, era uma vida que só poderia ter sido tirada por Deus.

O senhor condutor da moto estava com a carteira de habilitação suspensa. Havia um motivo para que ele não pudesse dirigir.

De igual forma, há motivos na obrigatoriedade de se manter a criança na cadeirinha. Há motivos para conter a velocidade de sua supermoto. Há motivos para usar o cinto de segurança (só hoje fiz 15 multas por falta de cinto). Há motivos para não avançar o sinal vermelho no semáforo. Há um motivo para não beber e dirigir! Mas quem escuta?

Uma certeza eu tenho. O senhor condutor da moto (com fratura exposta, mas consciente), que estava a todo tempo perguntando de sua esposa (nesse ínterim, já falecida), vai escutar.

Uma mãe, que (supostamente) bebeu e dirigiu, colidindo de frente com outro veículo e perdendo seu filho de cinco anos lembrará.

Uma pessoa cheia de vida, que com os dedos coçando por velocidade, fica paraplégico, reverberará isso enquanto viver.

O Estado e as normas não existem por acaso. As leis de trânsito não são meras letras de um caderno qualquer.

A dor da perda é muito grande. O trânsito é muito simples.

Não me permitam ver esse tipo de cena outra vez. Respeitem as leis de trânsito.

 

Renato Sales Oliveira é Policial Militar, bacharel em Direito, especialista em Segurança, esposo, irmão, pai e filho.

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