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Jornal Caderno Jurídico

Educação

Repensando a saúde pública, repensando o nosso país

28/4/2018 às 15h38 | Atualizado em 29/6/2018 às 4h29 - Nílvio Ourives
Ana Paula de Lima dos Santos Nílvio Ourives “Vamos repensar o nosso país. Vamos rever prioridades. Vamos dar um basta a todo tipo de ingerenciamento”, relata o professor Nílvio

É realmente difícil a situação do usuário da saúde pública. Desconta-se muito em nível de impostos, mas pouco se tem em contrapartida, referente a atendimento digno. Recentemente, acompanhei o caos, os desmandos, o desrespeito e, acima de tudo, o sucateamento real da saúde pública, neste caso no Paraná, mas nada diferente do resto do país. Pessoas que trabalharam uma vida inteira e, ao necessitarem de transporte, ambulância UTI, não foram atendidas pela saúde pública, pois não havia a disponibilidade de veículo preparado para tal. Havia, sim, uma ambulância UTI, mas em trânsito. Havia, sim, uma só ambulância UTI na sua cidade.

Ora, o paciente não escolhe o dia de sofrer um enfarto, um AVC ou qualquer outra enfermidade considerada grave. Nos casos mencionados, necessário se fazia o transporte por dois motivos distintos: na sua cidade não havia leito na UTI disponível; bem como não havia especialidade médica para atender e acompanhar os casos. Assim, precisaram deslocar-se para outras cidades vizinhas, tiveram de esperar em estado de total descaso com o ser humano, que retornasse a única ambulância UTI do município à cidade. Ambos os casos, foram a óbito.

A verdade é que uma ambulância UTI não comporta a demanda existente. A verdade é que se a pessoa não tiver um mínimo de condições financeiras, não consegue o atendimento preciso. A verdade é que a situação da saúde pública no Brasil é tão vexatória quanto humilhante. Qualquer um pode presenciar o descaso. Basta entrar em postos de saúde, UPAs, UBSs. Aglomeram-se pessoas, poucos médicos dispostos a realmente cumprir com suas obrigações, porque muitas vezes sobrecarregados.

O Sistema está errado! A situação da saúde no Brasil é tão vexatória quanto humilhante! Vamos repensar nosso país!

Aí me pergunto: o problema está nos médicos? Não creio! O problema se encontra em instalações? Também não acredito, pois postos de saúde são apresentados ao público ano a ano. Faltam médicos capacitados e para isso o Estado deveria investir em aperfeiçoamentos. Concursos deveriam ser abertos para sanar a ausência de médicos especialistas. Faltam medicamentos, por problemas relacionados à licitação, liberação de verba. Atraso em novas remessas de remédios, por atraso no pedido.

Que culpa o povo tem? O povo tem que permanecer calado, sendo lesado diariamente, seja através de impostos absurdos, de aumentos abusivos nos planos de saúde, que sequer um trabalhador consegue pagar. Resta-lhe o SUS! E aí começam os malabarismos em busca de atendimento. Trabalhador deve ter direito a um atendimento condizente com o tanto que desconta ou descontou em folha. Qualquer ser humano deve ter direito a atendimento médico digno. Somos, na verdade, números em busca do próprio sustento, assim como provedores do sustento do próprio Estado.

Ora, há uma inversão de valores. Se não há alimentação digna, uma vez que tudo sobe assustadoramente, porque rombos devem ser solucionados; se há abuso de taxas e impostos, porque a Previdência não vai bem das pernas; se o ser humano tem de se submeter a todo tipo de sacrifício para buscar uma subsistência muitas vezes miserável, como pode ter saúde?

O sistema está errado. Enquanto não houver pessoas sérias e preocupadas em solucionar definitivamente o caos da saúde pública, não se preocupando em facilitar esta ou aquela ação, este ou aquele empresário, esta ou aquela licitação, por interesses próprios, o povo continuará sofrendo, por ingerenciamento da “coisa” pública. Vamos repensar o nosso país. Vamos rever prioridades. Vamos dar um basta a todo tipo de ingerenciamento. Vamos definitivamente buscar o que entendemos ser o melhor para todos, independentemente de diferenças sociais e econômicas, afinal de contas vivemos numa era de inclusão e igualdade. Onde elas estão?

 

Nílvio Ourives dos Santos. Diretor-geral da Unipar, Campus Paranavaí, professor universitário, especialista em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, especialista em Educação a Distância e mestre em Teoria da Literatura. Há 32 anos atuando na Educação.

Publicado no jornal impresso de dezembro de 2017.

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